As NR não servem para prevenir acidentes, pois elas não tratam da sua maior causa básica: A ergonomi
- Leonardo S Mendes
- 6 de mar. de 2018
- 2 min de leitura
A principal causa de acidentes, em qualquer lugar, em qualquer atividade, é a falta de atenção do trabalhador. Falta de atenção, falta de concentração e falta de paciência. Você pode educar, treinar, conscientizar, implementar todos os EPC e fornecer todos os EPI necessários, mas basta aparecer uma das faltas ditas anteriormente, que o caminho está aberto para o acidente. E, por incrível que pareça, nossas famigeradas Normas Regulamentadoras passam longe desse assunto.
Segundo as NR, os agentes de riscos (perigos) são classificados em 5 categorias: Físico, Químico, Biológico, Ergonômico e Acidentes.
Num olhar inicial, até faz sentido separar tais agentes para haver uma compreensão didática do assunto, mas isso traz como consequência, a diminuição do escopo estudado e a não explicitação das interações entre os agentes. E é justamente essa visão cartesiana que mascara as principais causas dos acidentes: a falta de atenção, falta de concentração e falta de paciência!
Todas essas “faltas”, ou melhor, todas essas características humanas, são tratadas no braço da ergonomia denominada, ergonomia cognitiva, mas apesar de haver uma NR específica sobre ergonomia (NR-17), nada se fala sobre a ergonomia cognitiva. Ela foca apenas na ergonomia física e, um pouco, na ergonomia organizacional.
E aí o problema aparece, pois, o tratamento individual dos agentes de riscos não consegue apontar, por exemplo, que os fatores ambientais, tratados na NR-09, impactam diretamente na ergonomia cognitiva, ou seja, na capacidade de raciocínio, memória, concentração e atenção do trabalhador. Todos os controles, planos de ações, treinamentos, que devem ser estabelecidos para minimização dos riscos identificados, servem apenas para proteção da saúde física do trabalhador.
Não é difícil imaginar o quanto é mais difícil e estressante executar as tarefas estando vestido igual a um astronauta. Experimente cozinhar usando um capacete! Em menos de 10 minutos você vai ficar louco para arrancá-lo de sua cabeça! Perderá a paciência, a atenção, a concentração, e adivinha quem estará batendo na sua porta para te visitar? O acidente!
E o que começa errado, termina errado. Quando vamos para a NR-07 os exames médicos estabelecidos no PCMSO para o monitoramento da saúde do trabalhador também focam apenas na saúde física. Portanto, sabendo que a esmagadora causa de acidentes são "as faltas", não tratar sobre a ergonomia cognitiva não é um contrassenso?
É preciso começar a tratar a ergonomia cognitiva com mais atenção, mas de forma científica, com profissionais especializados, com psicólogos!
Me dá calafrios quando eu ouço alguém dizer que um dos objetivos do Diálogo Diário de Segurança é identificar quem possa estar, por qualquer motivo, psicologicamente não apto a executar determinada atividade. Como conseguiu identificar essa inaptidão? Baseado em que? Achismo?
É preciso trazer a psicologia para dentro das empresas. É preciso haver um trabalho permanente de monitoramento da saúde mental dos trabalhadores, devendo inclusive (lá vem a heresia) o psicólogo ser parte integrante do SESMT!
E você, qual sua opinião? A ergonomia cognitiva realmente impacta na prevenção de acidentes? As empresas deveriam possuir um profissional de psicologia para avaliação da saúde mental dos trabalhadores? Deixe seu comentário!
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